domingo, 19 de julho de 2015

O BRINCAR INFANTIL


O que é mesmo o brincar infantil? O brincar é um impulso da criança, pura expressão, que corre como um rio e nós adultos somos as margens que servem de sustento para essa corredeira. O brincar é como uma força da natureza, como as águas do rio, para as quais não podemos ensinar nada, pois elas correm por si.
Damo-nos conta que as crianças em muitos lugares não têm mais o direito de brincar pelo simples prazer da brincadeira. Parece que tudo o que está relacionado com o brincar precisa render conhecimento imediato. Os adultos idealizam que os brinquedos têm que ser pedagógicos. Já se perdeu o bom senso do que é ser criança, da necessidade que ela tem e dos processos infantis necessários para o seu desenvolvimento.

No mundo infantil não deveria caber a palavra “pressa”. Leva-se tempo para crescer, para construir um corpo saudável que sirva de base física para todo um desenvolvimento anímico espiritual posterior. Para isso temos a infância, que deveria ser permeada pelo: brincar; desenhar livremente; natureza – terra-água-areia; correr- balançar - pular corda; atividades caseiras para a criança imitar; ritmo saudável; bom sono; boa alimentação; espaços amplos; etc.


O que vemos hoje são muitos pais e mães brincando com seus filhos no sentido de direcionar o seu brincar, sem deixar que surja espontaneamente, porque os seus filhos já não sabem mais como brincar.
Esta é uma capacidade que esta se perdendo, pois o meio social deixa a criança muitas vezes isolada de outras crianças, ou sem ter os adultos fazendo algo que possa ser imitado por ela, como por exemplo, um adulto fazendo um trabalho caseiro, limpando um carro, lavando uma roupa, cozinhando, arrumando algo na casa, serviço de marcenaria, cuidando de um jardim, afazeres úteis e com significado para a criança.
O que se vê em contrapartida são brincadeiras agressivas, violentas, tiros, chutes e gritos, que brotam de imagens vivenciadas na frente da televisão ou jogos eletrônicos.
Somente no brincar a individualidade da criança é misteriosamente visível, quando ela “ensaia” de modo lúdico - brinca, atua, cria, se relaciona, constrói, experimenta, refaz - tudo o que depois será requisitado quando adulto. Isto é, se mostrar firmemente situado na vida e tomando decisões responsáveis. Por isto o brincar na infância fundamenta como nos direcionaremos ativamente e mentalmente em relação à vida, quando adultos.
Partindo deste panorama, como podemos resgatar esta atividade tão vital para a criança? Como podemos ser facilitadores deste brincar? Certamente é um caminho de aprendizagem.
O que ajuda a criança a entrar no âmbito da imaginação é se os pais/educadores acessarem suas próprias forças imaginativas e lúdicas. Contando contos, histórias infantis sem pedir que a criança elabore um julgamento ou comente a história.

Participando daquele momento ouvindo o conto e simplesmente entrando nas imagens, sem indicações ou interferências do adulto. Os pais deveriam contar contos pelo prazer de contar e viver os contos junto com as crianças.

Deste modo se possibilita momentos de criação mágicos onde “o tempo para” e as crianças se sentem encorajadas a brincar a partir da profundeza de suas almas, das lindas imagens dos contos.

(Texto elaborado pela professora de jardim Waldorf Silvia Jensen baseado no Congresso de Pedagogia Waldorf em Boston/USA em julho de 2008 em parceria com a professora de jardim Waldorf Maria Chantal Amarante.)

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